Anarco-comunismo é a vertente do comunismo adotada pela tradição teórica de alguns autores anarquistas. Num regime comunista libertário, a propriedade privada e o Estado seriam abolidos e a sociedade seria organizada através de federações de trabalhadores que gerenciariam a produção e todas as esferas de decisão por meio da democracia direta. O dinheiro seria abolido, e valeria a máxima de "cada um de acordo com suas capacidades, a cada um de acordo com suas necessidades".
A denominação foi criada após a cisão da primeira Associação Internacional de Trabalhadores (AIT) entre socialistas autoritários, tendência encabeçada por Karl Marx, e socialistas libertários, cujo maior expoente era Bakunin. No entanto, ambas as denominações foram inventadas pelo grupo de Bakunin, sem que os marxistas jamais aceitassem o rótulo de "autoritários".


Piotr Kropotkin, durante esta época, mudou o foco da propaganda anarquista, que até então era primordialmente a crítica ao sistema capitalista, e passou a escrever sobre a possível sociedade futura em mais detalhe do que o anteriormente feito por Proudhon e Bakunin. Ele adotou então o termo "comunismo libertário" para referir-se a essa sociedade, onde a propriedade privada estaria abolida, e o Estado seria substituído por associações livres de trabalhadores.
Tentativas históricas de implantar o Comunismo Libertário
Revolução Ucraniana

Revolução Espanhola
O comunismo libertário foi praticado durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), nas regiões dominadas pela República Espanhola, em especial na Catalunha e em Aragão, que eram redutos anarquistas. Apenas em Aragão, havia mais de 400 coletividades autogeridas, que abarcavam campos, aldeias e vilas.
Nesses territórios emancipados foi adotado o uso comum dos meios de produção, de troca e de consumo, com regulamentações de tipo colectivista para os produtos escassos, e distribuições de tipo comunista libertário para os de maior quantidade. Criaram-se órgãos regionais, para o armazenamento de excedentes e promoção da solidariedade com outras regiões e com os combatentes que não podiam trabalhar. Havia também serviços de estatística e contabilidade, para inventariar os recursos.
Em alguns lugares aboliu-se o dinheiro, substituindo-o pelo cartão de produtor e consumidor, com ênfase nas trocas e compensações. Havia também espaço reservado aos camponeses individualistas, desde que não tivessem ao seu serviço mão-de-obra assalariada, (considerando-se que o tempo da escravidão do salário tinha acabado) e desde que não açambarcassem mais terras do que podiam cultivar. Os individualistas, contudo, não desagregaram nem atomizaram as coletividades; pelo contrário, foram as coletividades que ajudaram e integraram, gradual e voluntariamente, os camponeses individualistas. É conhecido o caso de um notário, latifundiário, que exclamava que antes era dono das suas terras apenas, mas, a partir da colectivização, tudo lhe pertencia. Após o fim da Guerra Civil Espanhola, Francisco Franco mandou fuzilá-lo.
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