domingo, 25 de agosto de 2013

FC ST.PAULI

Num momento em que o racismo e a homofobia dão sinais que não irão sumir tão cedo dos estádios do Brasil (e também da Europa e do resto do mundo), uma notícia muito boa vem da Alemanha.
O St. Pauli, clube de futebol centenário de Hamburgo, acaba de retornar à Bundesliga, a primeira divisão da Alemanha.
Se nunca obteve grandes conquistas na elite do ludopédio germânico, O St. Pauli orgulha seus fãs pela sua história ligada a algumas das mais nobres lutas da humanidade, contra o racismo, a homofobia e o totalitarismo nazifascista.
Outros clubes antifascistas e antirracistas no mundo são o Livorno (da Itália, já rebaixado para a segunda divisão no atual torneio) e o Adana Demispor (Turquia). 



Dedico esse post ao querido amigo e mestre Flavio Valente, hoje morando em Heidelberg, Alemanha, e sempre lutando pelos direitos humanos, onde quer que esteja. Flavio fez aniversário na semana passada.

St.Pauli: antifacista, com presidente gay e sex shop como patrocinador
O St. Pauli estará de volta à Bundesliga na próxima temporada, depois de oito anos durante os quais chegou até a terceira divisão do Campeonato Alemão.
O clube de Hamburgo, fundado em 1910, não possui conquistas marcantes na história futebolística do país, mas fora das quatro linhas tem grande apelo: segue a linha política de esquerda, sendo considerado o time dos trabalhadores. Tem entre seus admiradores bandas como Bad Religion, Asian Dub Foundation e Turbonegro.
Nos anos 1980, colocou em seu estatuto ser antifascista, antisexista e antirracista. Tal iniciativa surtiu efeito quando, por exemplo, o nome do estádio do St. Pauli mudou para Wilhelm Koch, ex-presidente do clube. Porém, ao descobrirem que ele fez parte do Partido Nazista, a diretoria retomou a nomenclatura antiga, Millerntor, a mesma até hoje.
Seu atual presidente, Corny Littman, é diretor de teatro e assumidamente gay. O grande ídolo do St. Pauli atualmente é Deniz Naki, atacante de origem turca. Ele conquistou o status principalmente depois de um jogo em novembro do ano passado: o time enfrentou o Hansa Rostock, de tendência ultradireitista.
Ao marcar um gol, ele correu em direção dos ultras e fez um gesto como se fosse cortar a garganta dos torcedores. Ao final da partida, cravou uma bandeira do St. Pauli no gramado do Hansa Rostock.
O clube de Hamburgo tem cerca de 11 milhões de simpatizantes pela Alemanha e chegou a ter média de 20 mil torcedores/jogo quando atuou na terceira divisão. O St. Pauli tem como patrocinadores a marca de carros Dacia e a Nike, além de uma loja de sex shop chamada Orion, que para comemorar o acesso à Bundesliga produziu 20 mil camisinhas com o escudo do clube.
Fußball-Club Sankt Pauli von 1910 é uma agremiação esportiva alemã, fundada a 15 de maio de 1910, em Hamburgo, Alemanha.
Além do futebol a associação inclui também times de rugby, beisebol, boliche, xadrez, ciclismo, handebol, softbol e tênis de mesa.
Embora o time de futebol não tenha nunca conseguido notáveis sucessos em campo, é largamente reconhecido como uma cultura única, portanto, a companhia goza de uma crescente popularidade de time cultuado pela nação.

As origens

A história do FC Sankt Pauli inicia em 1899 com um grupo informal de apaixonados pelo Hamburg-St. Pauli Turn-Verein 1862. O primeiro jogo ocorre em 1907 contra o Aegir, time composto pelos residentes de uma sociedade de nadadores. A agremiação foi fundada oficialmente só em 5 de maio de 1910, jogando com o nome de St. Pauli TV' na Kreisliga Groß-Hamburg (Alsterkreis). Inicialmente obteve somente resultados medíocres. Em 1931, chegou às oitavas de final do Campeonato Alemão Setentrional sendo derrotada pelo Hamburgo. Em 1934, ocorreu a primeira participação na Gauliga Nordmark, uma das 16 chaves da primeira divisão criadas na reorganização do futebol alemão feita pelo Terceiro Reich.
O Sankt Pauli foi imediatamente rebaixado, mas voltou à série superior, em 1936. Caiu novamente, em 1940, e foi repromovido, em 1942, permanecendo ao final da Segunda Guerra Mundial.

O pós-guerra

Após a guerra, o St. Pauli recomeçou a jogar, em 1947 a Oberliga Nord. Um segundo lugar na final da temporada 1947-1948 consentiu à equipe de se qualificar pela primeira vez à fase final do campeonato, que incluía os melhores times provenientes de toda a Alemanha Ocidental. Avançou até a semifinal, na qual foi eliminada pelo futuro campeão, o Nuremberg por 3 a 2. O clube continuou a atuar em ótimo nível por toda a década de 1950, mas não conseguiu destronar o poderio do Hamburgo, sendo eliminado por este nas eliminatórias nacionais de 1949 a 1951. Na segunda metade dos anos 1950 até início dos anos 1960, o clube foi desclassificado também pelo Werden Bremen e pelo Vfl Osnabruck. Sempre no mesmo período não conseguiu avançar além do quarto lugar nas chaves regionais.

A luta pela promoção na Bundesliga

Em 1963, foi constituída a Bundesliga, a máxima série do Campeonato Alemão. Hamburgo, Werden Bremen e Eintracht Braunschweig foram as equipes inseridas na Bundesliga no que concerne à Oberliga Norte, enquanto essas últimas tinham obtido melhores resultados em comparação às outras do grupo nos anos anteriores. O St. Pauli foi inserido na Regionalliga Norte, o então segundo nível do futebol alemão.
O time venceu a segunda divisão, em 1964, mas chegou em último nos play-offs. Venceu de novo a Regionalliga, em 1966, mas declinou da promoção diante do Rot-Weiss Essen pela diferença de gols. Nos anos seguintes, conquistou a divisão, em 1971, e em 1974, além do segundo lugar em 1972 e 1973, mas em todas as ocasiões capitulou miseravelmente nos play-offs.
O sucesso da Bundesliga e o crescimento do futebol profissional na Alemanha induziram a Federação a criar a Zweite Bundesliga, que se tornou o segundo nível do futebol nacional, o qual foi dividido em duas chaves. O St. Pauli acabou incluído no grupo norte (Zweite Bundesliga Nord). Em 1977, finalmente conseguiu a histórica empresa de conquistar o avanço para a máxima série. Porém, a alegria durou pouco. Após um ano, a equipe, de fato, retrocedeu.
O retorno à segunda divisão também durou pouco. Em 1979, na bancarrota, o clube foi privado da licença profissional e foi rebaixado para a Oberliga Nord. As boas apresentações oferecidas entre 1981 e 1983 não foram suficientes para fazer frente à emergência financeira. Mas, em 1984, a equipe conseguiu a promoção para a segunda divisão, embora tenha ficado em segundo, atrás do time reserva do Werden Bremen. Foi promovido, portanto, o St. Pauli, enquanto as equipes reservas não podiam, e até hoje não podem, ser promovidas à Segunda Divisão.

O símbolo da agremiação.

Na metade dos anos 1980 o St. Pauli obteve uma reviravolta que o fez mudar completamente de imagem. Passou, de fato, de equipe tradicional a um verdadeiro fenômeno cult. O motivo se encontra na localização do estádio. A agremiação transferiu a sede do estádio da zona do porto para um bairro vizinho a Reeperbahn, o bairro que é o centro da vida noturna. Os torcedores adotaram como símbolo a bandeira pirata, a caveira com ossos entrecruzados. A equipe também foi a primeira na Alemanha a banir o ingresso no próprio estádio de torcedores de extrema-direita. Graças a essas decisões, o clube passou de uma média de 1.600 expectadores, em 1981, para mais de 20.000 no fim dos anos 1990.
No que tange a resultados, o St. Pauli retornou à Bundesliga, em 1988, permanecendo três anos, em 1995, por duas temporadas. A equipe passou os campeonatos restantes sempre na segunda divisão. Os dirigentes do St. Pauli se reúnem frequentemente com os fãs. Numerosos são os fãs clubes, espalhados não só pela Alemanha, como também em cinco continentes. Muito ativa é a torcida organizada.

No novo milênio

A penúltima aparição do clube na máxima série ocorreu na temporada 2001-2002, mas foi rebaixado logo em seguida. Essa breve aventura levou a sociedade quase à bancarrota. Assim, os dirigentes começaram a desenvolver atividades para angariar fundos, a considerada Retteraktion. Começaram a estampar camisas com o emblema do clube circundado pela palavra Retter (salvador). Mais de 140.000 foram vendidas em seis semanas. Foi ainda organizada uma partida amistosa contra o Bayern de Munique sempre para aumentar o caixa do clube.
Em 2005, o clube começou também a organizar obras de beneficência para terceiros. A equipe e os torcedores criaram a iniciativa viva com água de sankt pauli, uma colheita de fundos para a aquisição de distribuição de água para as escolas de Cuba.
Durante a temporada 2005-2006 a equipe foi protagonista de uma cavalgada sem precedente na Copa da Alemanha, ao vencer Wacker Burghausen, Bochum, Hertha Berlim e, nas quartas de final, o Werden Bremen. A vitória por 3 a 1 no Millentor-Stadium, completamente lotado, qualificou o time para a semifinal. A passagem de fase fez a agremiação ganhar 1 milhão de euros pelos direitos televisivos, o que a ajudou a espantar os problemas financeiros.

Loja dos fãs.

O time foi eliminado da competição, nas semifinais, em 12 de abril, ao ser batido pelo Bayern de Munique, com um gol de Owen Hargreaves e dois de Claudio Pizarro.
Na temporada 2006-2007, o time conquistou a promoção para a Zweite Bundesliga, com uma rodada de antecedência, em 25 de maio de 2007, graças ao empate em casa contra o Dynamo Dresden, em 2 a 2.
Ao ficar em segundo lugar na temporada 2009-2010 da segunda divisão, a equipe obteve a promoção para a Bundesliga a partir da temporada 2010-2011.
Em 16 de fevereiro de 2011 o St. Pauli venceu pela segunda vez na sua história o clássico citadino contra o Hamburgo, com um gol de Gerald Asamoah.
Contudo, após essa vitória, a equipe sofreu uma série de sete derrotas consecutivas1 e conquista um ponto, fruto do 2-2 ocorrido na disputa direta pela salvação no estádio do VfL Wolfsburg1 ) em onze disputas, esses resultados fizeram o time tombar da metade da tabela para o último lugar, culminando, em 7 de maio de 2011, com o rebaixamento matemático para a segunda divisão. Na penúltima rodada, o St. Pauli sofreu a pesada derrota de 8 a 1 frente ao Bayern de Munique.1 2 (para os bávaros, foi a maior vitória obtida na sua história em jogos fora na Bundesliga2 ). O St. Pauli fecha, portanto, o campeonato com a décima-primeira derrota2 (2 a 1 no campo do Mainz 052 ) nas últimas doze rodadas do campeonato2 terminando a temporada no último lugar com 29 pontos3 .

O estádio da equipe

A notoriedade do talvez mais lendário e cultuado clube de futebol alemão, o FC St. Pauli, não é devido às belas goleadas, técnicas que decidem um jogo ou até mesmo o brilhantismo de seus jogadores. É um clube idolatrado e respeitado pelos fãs por sua história, dramaticamente recheada de altos e baixos, por sua criatividade em rebater frustrações.
Desde sua fundação, em 1910, o FC St. Pauli está abrigado no bairro de mesmo nome, em Hamburgo, refletindo o caráter único dos moradores da região e lotando o estádio do Millerntor-Stadion, onde treina e costuma jogar. Suas primeiras goleadas significativas foram dadas depois da II Guerra Mundial, quando chegou nas semifinais da liga regional norte. Em 1977, conseguiu alcançar o primeiro escalão da Bundesliga pela primeira vez.
Entre as ações dos fãs, ficou a inesquecível ação na Reeperbahn, onde valia o lema “beber por St. Pauli”. Até mesmo pedaços de gramado do estádio eram vendidos simbolicamente para reverter os lucros ao clube e sanear suas dívidas. As lojas de artigos de fãs do time fazem cada vez mais sucesso entre os adeptos.
O St. Pauli também é conhecido como o clube de futebol que mais cultiva o rock n' roll no mundo, uma vez que a sua torcida, em dias de jogos, leva ao estádio guitarras e amplificadores para tocar clássicos do rock como AC/DC, Sex Pistols e outros. Tanto é que uma de suas canções entonadas é a música Hells Bells da banda de rock australiana AC/DC.
Ademais, ressalta-se também que o St. Pauli possui em sua história um feito inédito dentre todas as torcidas da Alemanha, quando se tornou a primeira torcida de futebol a expulsar todos os adeptos e simpatizantes à ideologia nazista. É comum ver em dias de jogos, bandeiras com a imagem de uma suástica riscada, mostrando assim serem completamente contra qualquer atitude discriminatória e racista.

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