domingo, 25 de agosto de 2013

BAKUNIN,SUA HISTÓRIA E SEU LEGADO

Bakunin, sua história e seu legado: Em memória dos 130 anos da morte de Mikhail Bakunin

A retomada da memória histórica das lutas passadas dos trabalhadores pela sua libertação é de extrema importância para o aprendizado presente e para as futuras batalhas contra a burguesia. Por isso, em memória dos 130 anos da morte de um dos maiores revolucionários de todos os tempos, Mikhail Bakunin, resolvemos fazer uma homenagem que resgata sua importância enquanto sujeito histórico na segunda metade do século XIX e seu legado teórico/político para o Anarquismo ou Bakuninismo.
O revolucionário anarquista Mikhail Alexandrovitsch Bakunin, oriundo de uma família da nobreza rural, nasceu em 30 de maio de 1814, na cidade de Premukhimo, província russa de Twer, e faleceu em 1º de Julho de 1876, na cidade de Berna, Suíça. Como era comum para as elites da época, Bakunin entrou para o exército em 1829 e chegou a alcançar o oficialato. Em 1835, trocou a farda e as armas pelos livros e foi estudar em Moscou e São Petersburgo. Têm seus primeiros contatos com as filosofias e com as teorias contestatórias do seu tempo em 1834, quando em Moscou participou de importantes círculos de discussões filosóficas. Nesses círculos teve acesso a debates sobre autores do romantismo e da filosofia alemã, do socialismo francês nascente e da questão dos povos eslavos. 
Em 1848, ano conhecido como a Primavera dos Povos por causa das inúmeras revoluções e revoltas contra o despotismo monárquico, em toda a Europa quase que simultaneamente (Berlim, Viena, Paris, Veneza, Roma, Praga, Munique, Budapeste e Milão), Bakunin participou do Congresso Eslavo, em Praga, e da insurreição que o sucedera (a Insurreição de Pentecostes) e no mesmo ano participou da Revolução Proletária em Paris. No an
o seguinte participou de outra insurreição, esta vez em Dresden (Alemanha).
Por sua intensa atuação revolucionária armada ganhou o rótulo de terrorista, sendo preso e condenado à morte em 1850.A sentença de morte foi convertida para trabalhos forçados, prisão perpétua e, finalmente, extradição para a Rússia. Em 1857 foi exilado na Sibéria, mas em 1861 fugiu para o Japão, passou pelos Estados Unidos e retornou à Europa. 
Em 1864, Bakunin reencontra Proudhon, que semanas depois veio a falecer. Bakunin dá continuidade e aprofundamento à obra de Proudhon à partir de dois pilares fundamentais: o socialismo e o federalismo. A concepção socialista é pautada pela identificação da propriedade privada como a origem das desigualdades econômicas, portanto a revolução proletária deveria abolir a propriedade. Por sua vez, o federalismo é a base da igualdade política, pois se opõe a centralização do poder e garante a efetiva participação política dos indivíduos organizados nas entidades da classe trabalhadora . 
Inserindo-se, portanto, nas lutas do proletariado europeu daquele período, cujas principais experiências foram a organização da Associação Internacional do Trabalhadores (AIT) e o processo revolucionário da Comuna de Paris (1871). 
Podemos afirmar que através de sua militância Bakunin desenvolveu a sistematização da ideologia e da teoria revolucionárias anarquistas. Considerando a percepção bakuninista de que as esferas da sociedade (econômica, política, ideológica e cultural) estão interligadas num sistema dialético de influência mútua, não poderíamos deixar de destacar as transformações ideológicas e científicas que marcaram o século XIX. Uma apreciação crítica da história do anarquismo ou bakuninismo, enquanto experiência coletiva, orientada por uma ideologia/teoria, deve indicar que na realidade esta se constitui num fenômeno associado a uma conjuntura histórica particular: a do surgimento do movimento proletário, das guerras de unificação nacionais, das lutas republicanas, do desenvolvimento do capitalismo monopolista, do surgimento da Primeira Internacional, e finalmente da contra-revolução internacional (depois da derrota da Comuna de Paris). 
Foi no seio da disputa política dentro da AIT que ficaram conhecidas as principais divergências entre a proposta de Marx e Bakunin para o movimento operário internacional. Para Bakunin, a exploração burguesa é sempre solidária, e assim também deve ser a luta dos trabalhadores contra tal exploração. Dessa forma, o objetivo da Internacional era organizar os trabalhadores contra o jugo da burguesia. Nos estatutos gerais da AIT lemos que a emancipação econômica dos trabalhadores é o grande objetivo ao qual se deve subordinar qualquer movimento político. Foi assim que a Aliança, seção da Internacional em Genebra, da qual Bakunin era o principal representante, tinha em seus documentos a determinação de repelir qualquer ação política que não tivesse por objetivo imediato a vitória dos trabalhadores sobre o capital. Uma das principais críticas que Bakunin fazia a Marx era a de que, para este último, a conquista do poder era a condição prévia para a emancipação econômica do proletariado. 
Para Bakunin era necessário que cada país tivesse o direito de seguir as tendências políticas que mais lhes agradassem. Diante dos impasses políticos, era fundamental que se preservasse a unidade da Internacional no campo da solidariedade econômica. Nenhuma teoria filosófica deveria ser a base ou condição oficial do Programa da Internacional, mas no seio desta tais questões poderiam ser discutidas e disputadas. Segundo Bakunin era assim que então se criaria a grande política da Internacional, não emanando duma cabeça isolada incapaz de abraçar as necessidades do proletariado, mas da ação livre, dos trabalhadores de todos os países. Bakunin defendia que as mais diversas posições políticas estivessem representadas na Internacional desde que respeitassem seu Programa. De modo algum, como querem alguns pseudo-anarquistas, ele repelia o debate e a existência de partidos e organizações no interior da AIT, pois estava convicto da necessidade de uma organização especificamente anarquista que buscasse influenciar e orientar politicamente os organismos de massa. 
O que denominamos bakuninismo não é uma invenção arbitrária e a-histórica, mas um resgate daquilo que já havia sido dito e praticado por Bakunin. O que defendemos encontra-se plenamente de acordo com as orientações desse pensador, segundo o qual para desenvolver e organizar a revolução, os revolucionários não devem impô-la as massas, mas sim provocá-las, fomentando sua organização autônoma. Chamou a atenção para o fato crucial da necessidade de uma coletividade que prepare a revolução e a dirija, e alertou para vigilância contra a reconstituição de autoridades, governos, Estados e ambições tanto coletivas como individuais. Portanto, o legado de Bakunin é de suma importância e não deve ser exemplo só para os anarquistas, mas para todos os demais revolucionários que seguem corajosamente construindo a luta pela ruptura revolucionária e pelo socialismo. Daí a pertinência de reverenciarmos sua memória, lembrarmos de sua trajetória marcada pelo incansável combate ao lado dos trabalhadores contra a exploração, contra o capital e pela libertação de todos os povos. 

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